RAMILÂNDIA PODE FAZER PARTE DA ROTA TRANSCONTINENTAL MAIS IMPORTANTE DA AMÉRICA DO SUL

 

Publicado em: 16/10/2018 00:00

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O grupo de pesquisadores da Paraná Turismo apontam para uma importante descoberta, que coloca o município de Ramilândia como um dos possíveis locais por onde passava a lendária estrada Inca intitulada Caminho do Peabiru.

  De acordo com o Coordenador do Turismo Cultural da Paraná Turismo Hardy Guedes, a descoberta é de interesse para fins de exploração turística. Já o prefeito Wilson Bonamigo, destacou que  “A identificação do possível caminho pode dar ao município uma grande oportunidade de reconhecimento em escala nacional”.

 O secretário de planejamento Bruno Smek foi designado como interlocutor para representar o município nas reuniões, encontros e pesquisas de campo que darão andamento aos trabalhos. A primeira reunião aconteceu na cidade de Guaíra, no último dia 28 de agosto, e os próximos encontros serão definidos conforme o desenvolvimento das pesquisas.

 Ainda não foram mapeados os possíveis locais por onde pode passar a estrada. As informações que se tem até o momento, são que o território de Ramilândia pode fazer parte do trecho, entretanto os pesquisadores ainda precisam avançar nas pesquisas de identificação. “O fato de Ramilândia poder fazer parte desta história é animador, o que nos coloca em outro patamar, inclusive abre as portas para um futuro projeto na área de turismo” afirmou o Secretário de Planejamento.


O que é o Caminho do Peabiru?

 O milenar caminho do Peabiru, foi uma estreita estrada que cruzava o Brasil, atravessava o Paraguai, a Bolívia até chegar ao Peru. O caminho possuía oito palmos de largura (cerca de 1,40 metro) e aproximadamente 0,40 centímetro de profundidade. Existem muitas pesquisas e estudos envolvendo a história do caminho.

Os estudiosos ainda tentam descobrir maiores detalhes sobre por onde de fato ele passava e quem foram os responsáveis pela sua criação. Em 2009, foi lançado um livro escrito pela jornalista paranaense Rosana Bond, chamado “O Caminho de Peabiru”, baseado em 14 anos de pesquisa no assunto e contendo uma grande bibliografia com mais de 400 fontes.

 Segundo a autora, o milenar Peabiru considerado pela tribo como o “caminho comprido”, o “caminho do Sol” ou o “caminho dos deuses”, tinha cerca de 4 mil quilômetros e ligava o oceano Atlântico ao Pacífico e vice-versa.

 O nome Peabiru em tupi significa: ''pe''- caminho, ''abiru'' gramado amassado. O gramado amassado é uma das características que tem ajudado aos pesquisadores na identificação dos locais. De acordo com o professor Moysés Bertoni, pesquisador da cultura dos índios Guaranis, afirma que a grama foi plantada apenas em alguns trechos, mas as sementes que grudavam nos pés e nas pernas dos viajantes acabaram estendendo o revestimento aos demais trechos.

 Rosana Bond destaca em seu livro que o caminho possui grande importância histórica, pois entre outras coisas serviu para as andanças e até grandes migrações de povos indígenas e, mais tarde, para a descoberta de riquezas, criação de missões religiosas, comércio, fundação de povoados e cidades. No caminho, era realizado uma intensa troca comercial entre os povos do litoral brasileiro e os Incas.

 Ainda no livro, a autora elenca as principais hipóteses sobre quem foram os responsáveis pela construção do percurso: 1) O povo itararé; 2) O povo guarani; 3) Os incas; 4) Uma figura lendária chamada de Sumé pelos índios, mas tida como São Tomé pelos padres. A verdade é que, hoje, ainda não se pode ter certeza sobre essa informação e ainda há muito a se explorar sobre o assunto.


Onde Ramilândia entra nessa história?

 No Brasil, um estudo feito no século passado, aponta que havia um caminho principal na costa do atlântico e dois acessos, um pelo litoral de Santa Catarina e outro pelo litoral do estado de São Paulo, os dois se encontravam no Paraná. Depois de cruzar o estado paranaense o trecho penetrava no território paraguaio, atravessava a Bolívia, ultrapassava a Cordilheira dos Andes e alcançava, finalmente, o sul do Peru e a costa do Pacífico. Este era o chamado tronco principal, mas havia vários ramais.

 Os ramais eram os caminhos alternativos e menores que se estendiam além do tronco principal. No Paraná, a cidade de Peabiru, que recebeu esse nome em homenagem ao caminho, é considerada um desses ramais.

 De acordo com indícios dos pesquisadores da Paraná Turismo, o município de Ramilândia também pode ser parte de um desses ramais. A passagem pelo trecho que pertence ao município de Ramilândia ainda está em fase de exploração e delimitação. A descoberta recente pode ajudar os pesquisadores, além de colocar o município como parte da história do milenar caminho que cruzava o Brasil.





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